Jamming

 

O jamming é um tipo de transmissão radiofônica realizada unicamente com o propósito de causar interferência em outras emissões de rádio, tentando impedir que estas não sejam compreendidas pelos seus ouvintes. A motivação para a prática do jamming é tipicamente de ordem político-ideológica.

O jamming foi bastante comum durante a época da Guerra Fria. Seu uso foi intenso nesse período, principalmente por parte da extinta União Soviética, que valeu-se desse recurso com grande eficiência, tendo montado uma rede específica de estações do gênero. Os principais alvos do jamming soviético eram transmissões realizadas pelos Estados Unidos e outros países capitalistas ocidentais, dirigidas a países comunistas do Leste Europeu (além da chamada Cortina de Ferro) e à própria União Soviética. Emissoras como a Voice of America, Radio Liberty e Radio Free Europe eram alvo de intenso jamming. Ao mesmo tempo que essas emissoras tentavam burlar as estações de jamming, os soviéticos aprimoravam as técnicas utilizadas. As estações de jamming apresentavam um custo operacional elevado, quando comparado com as estações convencionais. Muitas vezes era necessário manter um grande número de transmissores em operação, ou utilizar transmissores empregando potências elevadas. As transmissões de jamming atingiam praticamente todo o espectro radiofônico, desde as ondas longas até as ondas curtas; enfim, onde quer que houvessem emissões a serem "bloqueadas".

Com o colapso da União Soviética, a prática do jamming começou a cessar. As estações de baixa potência foram desmanteladas, principalmente nas repúblicas do Báltico (Letônia, Estônia, Lituânia). Na Rússia, muitas estações de jamming foram vendidas a estações privadas, ou então utilizados como estações retransmissoras por emissoras ocidentais.

Contudo, a prática do jamming não é associada apenas à Guerra Fria. Mesmo nesse início do século XXI o jamming ainda é utilizado. Atualmente, as principais "vítimas" são emissões dirigidas a Cuba (via Radio Marti), à China (via Radio Free Asia), ao Oriente Médio, dentre outras. Por exemplo, no caso da China, as transmissões de jamming chinesas consistem de uma interminável melodia chinesa instrumental, sem qualquer locução, que interferem em praticamente todas as emissões da Radio Free Asia dirigidas à China.

Apesar de os países que adotam o jamming até certo ponto terem seus motivos para essa prática, para os radioescutas em geral o jamming pode ser bastante prejudicial, pois acaba afetando emissoras que não são alvo de jamming, mesmo emissoras que operam em áreas bem distantes das regiões-alvo. O jamming que era praticado pelos soviéticos chegava a atingir emissoras da Europa ocidental, ou até mesmo emissoras das Américas. Pode-se dizer que o jamming representa o "lado negro" das transmissões radiofônicas.


Links relacionados:

  • Radio Jamming: artigo sobre jamming na União Soviética, incluindo um relato sobre a operação de uma estação de jamming na Estônia nos anos 50.
  • Jamming, by Rimantas Pleikys: web page com informações acerca de um livro sobre a prática do jamming, elaborado por um ex-ministro da República da Lituânia.
  • Antena Anti-Jamming: informações encontradas no web site da Radio Free Asia, sobre a montagem e operação de uma antena anti-jamming.
 



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